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sexta-feira, 7 de dezembro de 2012


PENSANDO EM CIÊNCIA NA EDUCAÇÃO

Prof. Antonio Augusto W. Loureiro


Estava me deleitando com alguns livros em minha cabeceira, e num momento me deparei com a magnífica obra de Carl Sagan, "O Mundo Assombrado Pelos Demônios", na qual o emérito cientista, versa sobre diversos temas, desde a imaginação de seus infantes dias.
Relembra sua curiosidade pelas banalidades da vida, pela natureza e pelos rudimentos de sua vida escolar recém iniciada. Sua imaginação voava em busca de algo interessante, atrativo, algo a ser descoberto.
        Ao visitar a Feira Mundial de Nova York, em 1939, obteve a visão de um futuro perfeito que a ciência e a tecnologia tornariam possível, um mundo luzidio, limpo, aerodinâmico e onde não se vislumbrava nem sinal de pessoas pobres. Sua decisão de tornar-se um cientista foi tomada ali.
Voltando à realidade, observou que em sua escola não havia entusiasmo científico por parte dos seus professores, e que todas as matérias versavam sobre idéias pré-estabelecidas, sem a possibilidade de criar em seus estudos. Nas bibliotecas ao revés, existia material interessante e livros maravilhosos que não eram utilizados em sala de aula.
Assim, seu interesse científico, só foi mantido, em virtude das leituras e da curiosidade que lhe eram inerentes.
Todavia, sua expectativa foi plenamente atendida no curso superior, na Universidade de Chicago, onde laboratórios e professores qualificados abriram-lhe as portas para a descoberta da beleza das ciências, da forma como sempre sonhara. Do conhecimento da Filosofia, até as belezas da Física e da Astronomia.
Ao me deparar com as análises do astrônomo, passei a me perguntar, quantos dos nossos alunos poderão vir a ser grandes e destacados cientistas, nas mais diversas áreas da ciência? Quantos terão a verdadeira curiosidade, a vontade de aprender, quantos deles estarão sedentos de saber?
Diante de tais questionamentos, comecei a analisar os nossos dias, os nossos alunos e as nossas práticas pedagógicas. Assim meditando, lembrei de um fato bem atual.
Em nossos dias, os apelos da mídia, o consumismo, a variedade de meios de comunicação e a velocidade da vida, interferem na concentração, roubam as horas de sono, desviam o pensamento para o esporte, para a superprodução, para as banalidades cada vez mais "interessantes", onde o marketing estabelece artifícios visando a implantação de mais algum produto no cotidiano do jovem.
Assim sendo, o interesse pelas coisas da vida e da natureza, pelos estudos, pelas belezas da ciência e pelas descobertas nos diversos campos do conhecimento, passam a um segundo plano. As aulas são uma obrigação, melhor seria estar navegando na internet, ouvindo, assistindo ou baixando um novo "hit" ou um novo vídeo, ou ainda estar "logado" no ORKUT, MSN ou FACEBOOK, num bate papo virtual.
Onde então está a curiosidade científica? Como podemos despertá-la?
As nossas práticas baseadas num quadro de giz, em um compêndio básico padronizado, em algumas análise em multimídia estarão fustigando o adormecido interesse dos nossos jovens?
No dizer do grande Rubem Alves, o mais importante é "mostrar a vida a quem ainda não a viu", é acima de tudo ampliar-lhes o olhar, fazer com que vejam o mundo, as diversas possibilidades de alcançar o que está ali, mas, que era inatingível por não ser visto.
É da prática pedagógica entusiasmada, da capacidade de ver e de fazer enxergar do professor, que certamente nascerá o interesse, onde a ciência passará a ser um novo atrativo, uma nova maneira de ver o mundo para os nossos jovens, uma chave para que eles alcancem tudo o quanto sempre desejaram e sonharam, mas que ainda não tinham a capacidade de ver. 
Na era da visão, não basta educar para as habilidades, precisamos educar para a sensibilidade, para visão de um mundo mais amplo, pleno e certamente para um futuro mais feliz. 
-o-