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segunda-feira, 8 de agosto de 2011

UMA VISÃO SOBRE O CAPITAL

UMA VISÃO SOBRE "O CAPITAL"

Por Antonio Augusto Waltrick Loureiro


Karl Marx e de sua obra geradora da corrente de pensamento mais revolucionária do pensamento social e em virtude de suas consequências na prática social, requer uma ampla reflexão.


O pensamento de Marx, desdobrou-se em muitas correntes, baseadas nas diversas interpretações (nem sempre claras e corretas), feitas por pessoas muitas vezes incultas ou mal intencionadas, cujo objetivo quase sempre é desestabilizar o poder constituído, com o único intuito de assumir o poder, visando ao próprio locupletamento e utilizando-se do proletariado como massa de manobra para a ascensão pessoal.


Suas ideias ainda foram incorporadas e criticadas por inúmeros comentaristas, sociólogos e filósofos.


Ao escrever seus trabalhos de caráter sociológico, Marx tencionava não apenas contribuir para o desenvolvimento da ciência social, mas propor uma ampla transformação política, econômica e social.

O Capital, sua obra máxima, tinha como destino todos os homens, não apenas os estudiosos de economia, política e de sociologia. Em suas formulações havia sempre um alcance mais amplo, adquirindo dimensões de ideal revolucionário e ação política efetiva.


As contradições básicas da sociedade capitalista e as possibilidades de superação ditadas pela obra de Marx, não foram ignoradas pela Sociologia, posto que seria atitude ingênua e irresponsável, ignorar suas ideias, ainda que fosse conveniente. Entretanto aceitar suas ideias por completo, seria sem dúvida uma atitude cientificamente estéril e perigosa, por ser função primordial da ciência a análise e a comprovação técnica para uma aceitação em definitivo.


Marx em sua obra fez uma análise muito ampla, desenvolveu conceitos a respeito da alienação, classes sociais, valor, trabalho, mais valia e modo de produção.


Da Alienação


Dentro de sua obra, Karl Marx, analisa o capitalismo como meio alienante, que dissociou o trabalhador de seus meios de produção (ferramentas, matérias-primas, a terra e as máquinas), os quais passaram a ser propriedade do capitalista que era o tomador de trabalho. Diz ainda, que o trabalhador no sistema capitalista de produção, perdeu o controle do produto de seu trabalho, também propriedade do capitalista.


Declara que politicamente o homem também se tornou alienado, pois o liberalismo através do principio da representatividade, idealizou o Estado como um órgão imparcial, capaz de representar toda a sociedade e dirigi-la através do poder delegado pelos indivíduos aos políticos, que segundo ele representam somente os interesses das classes dominantes.


A filosofia passou a criar representações do homem e da sociedade. A divisão social do trabalho tornou a filosofia atividade de um determinado grupo, sendo portanto parcial, e refletindo o pensamento desse grupo.


O homem só pode recuperar sua condição humana através da crítica radical ao sistema econômico, à política e à filosofia, que segundo Marx, excluiu o homem da participação efetiva na vida social. Essa crítica radial, na prática, se efetiva através da ação política consciente e transformadora. Marx propôs não apenas um novo método de pensar, mas também, um projeto de ação.


Classes Sociais


As ideias liberais surgidas com o iluminismo consideravam os homens, por natureza, iguais política e juridicamente. Liberdade e Justiça eram direitos inalienáveis de todo o cidadão.


Marx proclama a inexistência da igualdade natural, observando que o liberalismo vê os homens como átomos, como se estivessem livres das evidentes desigualdades estabelecidas pela sociedade. Diz que as desigualdades sociais são provocadas pelas relações de produção do sistema capitalista, as quais dividem os homens em proprietários e não proprietários dos meios de produção, onde as desigualdades são a base da formação das classes sociais.


Ocorre uma relação de exploração entre a classe dos proprietários, a burguesia, e a dos trabalhadores, o proletariado, em razão de que a posse dos meios de produção, sob a forma legal de propriedade dos meios de produção, faz com que o trabalhador para sobreviver venda a sua força de trabalho ao empresário capitalista, o qual se apropria do produto do trabalho de seus operários.


Diz ainda Marx que a relação entre o capitalista e o trabalhador é de oposição e antagonismo, face aos interesses inconciliáveis. O capitalista procura preservar seu direito à propriedade dos meios de produção, dos produtos e ainda explora o trabalho do operário, reduzindo-lhe o salário ou almpliando-lhe a jornada, o trabalhador por sua vez, procura diminuir a exploração ao lutar por uma menor jornada de trabalho, melhores salários e participação nos lucros.


Por outro lado, as relações entre as classes são complementares, pois uma não existe sem a outra. Só existem proprietários porque há uma massa de despossuídos que para sobreviver só dispõem de sua força de trabalho, a qual vendem para obter os bens que lhes assegurem a sobrevivência.


O Valor do Trabalho e o Lucro


Karl Marx considerava que o capitalismo entendia a força de trabalho como mera mercadoria que os trabalhadores colocavam à venda. Mas demonstrava que enquanto os outros produtos que poderiam ser adquiridos pelos capitalistas, ao serem usados se desgastavam ou desapareciam, ao passo que o uso da força de trabalho gerava a criação de valor. Essa, porém, não era uma ideia nova sobre a força de trabalho, pois Adam Smith, já teria proclamado o trabalho como a verdadeira fonte de riqueza das sociedades.


A Mais-Valia


Dentre as ideias demonstradas por Karl Marx, a que efetivamente trouxe uma visão ampla da forma como o capitalista obtém seu lucro, é a ideia da mais-valia.


Demonstra Marx exaustivamente como pode o capitalista, ao adquirir o trabalho do operário, para utilizá-lo na produção de bens, receber uma lucratividade, sem sequer oferecer o produto por preço maior que o próprio custo.


Exemplifica, dizendo que se em "x" horas de trabalho o operário produz um determinado bem, que custa para capitalista, um valor "z", se o capitalista conseguir aumentar a carga horária, o operário produzirá maior quantidade de bens, pelo mesmo salário, o que diminuirá o custo de produção, concedendo ao capitalista o valor "y" de ganho adicional. Isto é a mais-valia.


Pode ainda o capitalista obter mais-valia, ao acrescentar em seus meios de produção, uma máquina ou equipamento, que lhe aumente a produtividade, o que fará fatalmente que o custo de produção seja muito menor, e o valor trabalho sendo o mesmo, proporcionalmente estará valendo menos, e a obtenção do lucro será ainda maior para o capitalista.


A Contribuição do Pensamento de Marx


Sem dúvida o pensamento de Marx, veio a mudar o mundo em muitos aspectos, não tendo sequer um segmento social, que não tenha sofrido sua influência. Foi sem dúvida uma revolução social, a expansão de suas ideias, que de muitas formas contribuíram para o desenvolvimento das relações sociais, em alguns momentos modificando por completo a vida e a história de muitas nações.


Por outro lado, povos que adotaram seu sistema social, tiveram, por momentos, a sensação de estarem libertos, mas caíram na rotina de um sistema que os escravizou mais que a própria luta de classes, sem dar-lhes a oportunidade de crescimento pessoal e desenvolvimento social, posto que o estado dava-lhes o sustento e o trabalho, mostrando-se um feitor de maior peso que a própria luta pela sobrevivência nos sistemas capitalistas, o que fez com que a derrocada do socialismo se estabelecesse nos países do leste europeu.


Apesar da lógica exposta na afirmação de Marx, entendo que a única razão para o capitalista investir em meios de produção, e aquisição de mão de obra, correndo o risco da atividade empresarial, é a possibilidade de lucro, e consequentemente de obtenção de um crescimento patrimonial. O que significa, que não havendo vantagem e lucratividade, o capitalista, por certo, não arriscaria seu patrimônio, contratando empregados. As condições atuais de desemprego, e falta de investimentos em produção, seriam quiçá, resultado das pressões das organizações de trabalhadores que através de suas "conquistas" geraram desvantagens para o capitalista investir em produção, posto que ele paga salários nem sempre altos, mas com encargos que oneram de forma contundente seu custo de produção, além dos abusivos tributos a que se vê obrigado.


Vejo sem sombra de dúvida, atualidade, e realidade, no ainda que antigo, dizer de Rui Barbosa (Capital e Trabalho, in Campanhas Presidenciais 1919), que destaca ser a posição do Capital não antagônica ao Trabalho, sendo assim ambas, forças interdependentes.


"Não acrediteis que todos os males do sistema econômico predominante no mundo venham de que os meios de produção estejam com os detentores de capitais. Os operários não melhorariam, se, em vez de obedecer aos capitalistas, obedecessem aos funcionários do Estado socializado.


Assim como do trabalho depende o capital, assim, e na mesma proporção, do capital depende o trabalho. São as metades que, reciprocamente, se inteiram, de um organismo, cujos dois elementos viventes não se podem separar sem se destruírem."


CONCLUSÃO


Devemos sem sombra de dúvida, muito do que temos em termos de organização social, aos mestres da sociologia, cada qual dando-nos o melhor de seu intelecto, na busca de uma melhoria e de um desenvolvimento maior para a humanidade, que desde os tempos mais remotos, busca sua redenção.


Não se pode em momento algum, dizer que a humanidade estaria melhor ou pior se as posições dos pensadores sociais fossem diferentes do que aqui se analisou.


Todavia, temos muito ainda a modificar em nossa sociedade, cada um em sua atividade, pode ser um gerador de soluções voltadas ao crescimento socioeconômico, dentro de princípios éticos que construam uma sociedade mais justa e equânime.